Como desenvolver habilidades socioemocionais em alunos

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Nós já falamos sobre como a educação 5.0 chegou para ficar, num modelo que caminha lado a lado com o ideal de Sociedade Super Inteligente proposto por especialistas japoneses.  

Esse novo ideal, que vem sendo cada vez mais aplicado ao redor do mundo, une competências técnicas e socioemocionais – as hard skills e as soft skills – em todas as etapas da aprendizagem, desde o jardim de infância até o Ensino Médio. 

Tal união tem como objetivo o desenvolvimento integral do aluno enquanto indivíduo: mais do que preparar profissionais qualificados, a educação voltada para o futuro visa formar seres humanos que irão contribuir positivamente com a sociedade; daí a importância e a crescente valorização das já mencionadas habilidades socioemocionais.  

Quer saber mais sobre elas? Então continue lendo o conteúdo que preparamos! 

1 → O que são habilidades socioemocionais 

Você conhece alguma pessoa extremamente competente no trabalho, mas que é muito complicada de se lidar? Aquela pessoa que é considerada brilhante, mas que ao mesmo tempo é de difícil diálogo e não considera as opiniões dos demais? 

Podemos apostar que, se você não conhece alguém com essas características, já ouviu falar de algum caso por meio de familiares e conhecidos. Em situações extremas, indivíduos que são assim acabam até sendo demitidos devido à tamanha dificuldade de se relacionarem no ambiente de trabalho.  

Apesar de serem muito capazes e tecnicamente qualificados, o que falta neles são as habilidades socioemocionais, um conjunto de atributos que dizem respeito à maneira como uma pessoa lida com o mundo à sua volta e consigo mesmo.  

Sim, podemos pensar nessas habilidades como interpessoais, ou seja, competências relacionais externas, e intrapessoais, aquelas características internas que muitas vezes são essenciais para o bem-estar emocional de alguém. 

Vamos dar outro exemplo: sabe aquela amiga ou aquele amigo que se dá bem com todo mundo, que se comunica com facilidade e que você procura para receber um conselho diante de uma situação difícil?  

Aquela pessoa que te ouve com atenção, que se vira muito bem em cenários estressantes e que consegue se colocar no lugar dos outros sempre que necessário? Ela é um exemplo de alguém com ótimas habilidades socioemocionais. 

Agora, considere as características que mencionamos. Podemos relacioná-las a certas qualidades, como: 

  • capacidade de escuta;  
  • boa comunicação verbal,  
  • empatia;  
  • pensamento crítico; 
  • resolução de problemas. 

Essas qualidades são, muitas vezes, intangíveis – ou seja, difíceis de mensurar por meio de provas específicas ou de certificados. Podemos fazer cursos técnicos, graduação, MBA, mestrado e até doutorado, mas se as habilidades socioemocionais não forem estimuladas no processo de desenvolvimento, será um desafio ainda maior desenvolver as características que citamos acima em adolescentes e adultos.  

2 → Como as habilidades socioemocionais auxiliam no desenvolvimento 

A boa notícia é que sim, habilidades socioemocionais podem ser aprendidas e, como já dissemos, estimuladas. Esse estímulo pode – e deve – ocorrer de maneiras diferentes conforme a faixa etária na qual a pessoa está inserida. 

Crianças pequenas, por exemplo, costumam ser extremamente curiosas em relação aos espaços que as cercam. Querem tocar em objetos e explorar cada canto de uma sala; querem fazer descobertas. Por isso, as atividades escolares são muito focadas para práticas manuais e para exercícios que vão contribuir para a evolução das habilidades motoras dos alunos. 

Ao decorrer do ensino básico, tarefas e competências distintas são privilegiadas conforme a série escolar e a idade do estudante. Contudo, nos últimos anos, novas tendências educacionais têm surgido, e há um entendimento cada vez maior que a curiosidade deve continuar a ser estimulada. Por esse motivo, a cultura maker tem sido aplicada na educação justamente para despertar o potencial criador dos alunos, sejam eles crianças ou já mais velhos. 

E como ficam as habilidades socioemocionais nesse cenário?  

Há décadas – e, principalmente, a partir de meados dos anos 1990 –, especialistas em diversos campos vêm estudando a importância do fator socioemocional no desenvolvimento do ser humano.  

Pedagogia, Psicologia, Neurociência e Sociologia são apenas algumas das áreas do conhecimento que têm se debruçado sobre essa questão, e a indicação é cada vez mais nítida: as soft skills – aqui, usadas como um sinônimo para as habilidades socioemocionais – são essenciais para o pleno desenvolvimento de uma pessoa

O contato com outros é algo que faz bem à nossa saúde e que nos traz felicidade. Nesse sentido, aquela série de características que apontamos lá no começo do texto são a chave para estabelecer boas relações sociais: saber comunicar sentimentos e necessidades, conseguir lidar com problemas e sentir compaixão são fatores que fazem bem não só às pessoas ao nosso redor, como a nós. 

Assim, com essas capacidades, o aprendizado é potencializado, já que o aluno que gosta de conviver com seus colegas também gosta de estar na escola e de aprender. Dessa forma, estimular as habilidades socioemocionais na sala de aula também é uma maneira de lidar com duas questões muito atuais: o bullying e a saúde mental. 

bullying, que pode ser definido como importunar e maltratar outra pessoa, tem impactos muito negativos na saúde mental dos indivíduos. Um ambiente que não preza por uma educação socioemocional pode ser terreno fértil para a prática do bullying, já que a empatia, a compaixão e a escuta não são estimuladas. 

Educação socioemocional? Sim, te explicamos: o conceito vem do termo em inglês Social and Emotional Learning (SEL), desenvolvido por um grupo de educadores nos EUA em 1994.  

Percebendo a necessidade urgente de trabalhar as soft skills em classe, esse grupo formou o CASEL – The Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning, para fortalecer o SEL ao redor dos Estados Unidos. 

significado de educação socioemocional vem mudando ao longo dos anos. Atualmente, o CASEL a define como “o processo pelo qual todos os jovens e adultos adquirem e aplicam conhecimentos, habilidades e atitudes para: 

  • desenvolver identidades saudáveis;  
  • administrar emoções; 
  • alcançar metas pessoais e coletivas; 
  • sentir e demonstrar empatia por outros;  
  • estabelecer e manter relacionamentos colaborativos;  
  • tomar decisões responsáveis e cuidadosas.”  

Desde sua criação, o instituto tem influenciado currículos escolares ao redor do mundo, inclusive no Brasil. A recente Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi desenvolvida pelo MEC tendo como grande inspiração o conceito de educação socioemocional e o acúmulo de conhecimentos gerados pelo CASEL nos últimos vinte e seis anos. 

3 → Quais são as habilidades socioemocionais da BNCC 

A  BNCC estabelece um conjunto de aprendizados que os alunos devem trabalhar ao longo do Ensino Básico. A partir de 2020, a BNCC tem sido aplicada em escolas ao redor do Brasil com o objetivo de reduzir desigualdades e promover uma educação de qualidade a todos os estudantes brasileiros. 

documento final da BNCC tem como uma de suas grandes inspirações os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU – em especial o objetivo número 4, que visa uma educação de qualidade para todos até 2030. 

Para isso, a BNCC estabelece dez competências gerais que promovem o desenvolvimento integral dos estudantes e preparam para um futuro que, ao mesmo tempo, é cada vez mais tecnológico e demanda um alto nível de inteligência emocional. 

As dez competências da BNCC versam sobre: 

  1. a capacidade de utilizar os conhecimentos construídos historicamente;  
  1. o exercício da curiosidade;  
  1. a valorização de manifestações artísticas e culturais; 
  1. a utilização de linguagens diversas, como a oral, a escrita, a sonora, a digital e o domínio de libras; 
  1. a compreensão de tecnologias digitais; 
  1. a celebração da diversidade;  
  1. a argumentação com base em fatos, utilizando o raciocínio crítico; 
  1. o autoconhecimento e o reconhecimento das próprias emoções e das emoções das outras pessoas; 
  1. o exercício da empatia, do diálogo e da cooperação; 
  1.  a ação pessoal e coletiva com responsabilidade, autonomia e determinação. 

Além de ressaltar as dez competências gerais acima, a Base Nacional Comum Curricular também destaca a importância de cinco habilidades socioemocionais utilizadas pelo CASEL. São elas: 

  1. Autoconsciência: entender os próprios sentimentos, pensamentos e o contexto cultural onde o indivíduo se insere. A autoconsciência é essencial para que uma pessoa possa desenvolver seu potencial, já que assim saberá seus pontos fortes e fracos. 
  1. Autogestão: essa habilidade tem relação direta com a autoconsciência, já que diz respeito à administração desses sentimentos para alcançar metas, lidar com o estresse em situações difíceis, perseverar e ser um agente de mudanças positivas. A autogestão pode ser considerada a tradução, na prática, da inteligência emocional  
  1. Consciência social: aqui estamos falando de ter empatia e compaixão e de entender normas de convívio social. Esses fatores contribuem para que haja um senso de pertencimento a uma comunidade, o sentimento de fazer parte de algo. Uma consciência social bem desenvolvida leva a relações mais saudáveis e frutíferas. 
  1. Habilidades de relacionamento: já falamos que o ser humano é um ser social, certo? As habilidades de relacionamento têm a ver com a capacidade de se conectar, se engajar, formar relacionamentos, comunicar-se com os outros, resolver problemas e gerir conflitos e defender os outros e a si mesmo, de forma a evitar práticas como o bullying
  1. Tomada de decisão responsável: pensar criticamente, analisar o impacto das próprias ações e das ações de terceiros e apoiar o bem-estar coletivo. A tomada de decisão responsável e as habilidades de relacionamento são as que mais têm a ver com o âmbito interpessoal – ou seja, o impacto da existência e das ações do indivíduo na comunidade. 

Agora que você sabe quais são as habilidades que norteiam a educação socioemocional, descubra como os professores podem não só estimular como também avaliar essas competências durante as aulas. 

4 → Como trabalhar e avaliar as competências na sala de aula 

A educação socioemocional apresenta desafios tanto para os gestores das escolas quanto para os professores, já que se distancia de um modelo prévio de ensino um tanto engessado e meramente receptivo, em que o professor tinha uma relação horizontal com os alunos e utilizava, primordialmente, recursos como livros didáticos e exposições. 

Nesse novo conceito de educação, que é orientado para a realidade digital do século 21, a figura do professor é a de um mentor que trabalha junto com os alunos, identificando as particularidades de cada estudante, sejam elas dificuldades ou áreas que o estudante exerce com excelência. 

Partindo não só das dez competências gerais do BNCC como também das cinco habilidades socioemocionais propostas pelo CASEL, a escola deve estimular o aluno e desafiá-lo intelectualmente de modo que o ambiente de ensino se torne prazeroso.  

Trabalhando as habilidades socioemocionais em sala de aula 

Para isso, e considerando a faixa etária das turmas, elencamos a seguir 3 maneiras de desenvolver as habilidades socioemocionais dos alunos:  

  1. Incentivar o trabalho em equipe: exercita a escuta, a comunicação verbal, a expressão de sentimentos e a empatia com os outros; 
  1. Propor desafios ligados ao modelo STEAM (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática): encoraja o uso do pensamento crítico e aguça a capacidade de resolução de problemas e de lidar com situações difíceis; 
  1. Abordar em sala de aula problemas sociais atuais: estimula a empatia nos alunos, já que falar de situações contemporâneas que dizem respeito à comunidade em que o estudante se insere também é outra maneira de ajudar a despertar o senso de coletividade e de conexão com o mundo.  

Essas três propostas podem ser manejadas por meio de uma perspectiva interdisciplinar, unindo matérias do campo das exatas com o das humanidades, por exemplo. Assim, a classe é exposta a uma variedade de olhares e a aula fica ainda mais dinâmica.  

As formas de avaliação da educação socioemocional 

Em entrevista para o site educacional The 74 Milliona presidente do CASEL, Karen Niemi, afirmou, amparada por estudos rigorosos, que a educação socioemocional está diretamente relacionada a uma melhora nas notas e na pontuação em testes.  

Por isso, Karen pontua que, ao incorporar esse tipo de educação, os estudantes se saem melhor academicamente; além disso, fatores como disciplina em sala e assiduidade também melhoram. 

Há alguns modelos de avaliação para mensurar o impacto da educação socioemocional nos alunos. Muitos desses modelos, além de levarem em conta as cinco habilidades socioemocionais, também consideram os seguintes itens: 

  • Pensamento otimista; 
  • Comportamento orientado para metas; 
  • Responsabilidade pessoal; 
  • Capacidade de decisão. 

Portanto, cabe muito mais à instituição educacional criar estratégias de avaliação considerando o currículo vigente e as atividades realizadas. Algumas perguntas norteadoras são: 

  • Os estudantes trabalharam em equipe de forma harmônica? 
  • Os desafios propostos foram cumpridos com sucesso? Se não, os estudantes conseguiram comunicar de forma clara as dificuldades encontradas? 
  • Os problemas sociais apresentados em sala de aula foram considerados em toda a sua amplitude? A diversidade foi respeitada? 

Assim, escolas e professores terão mais recursos para avaliar o progresso dos alunos ao longo do ensino básico, desde os primeiros anos de escola até o ensino médio. Mas… e depois? 

5 → Quais os impactos das competências socioemocionais para o futuro 

O intuito das dez competências gerais da BNCC e das cinco habilidades socioemocionais desenvolvidas pelo CASEL é justamente preparar indivíduos altamente capacitados não só de maneira técnica como também no âmbito emocional. 

Você se lembra daqueles exemplos que usamos no começo deste texto? Da pessoa que era brilhante no trabalho, mas não se dava bem com os demais? E da pessoa que estava sempre disposta a ouvir os outros e conseguia se comunicar perfeitamente? 

Muitas vezes, o exemplo número 2 diz respeito a indivíduos que não têm todas as formações possíveis e que não fizeram novas descobertas. Mas são profissionais que, por terem uma inteligência emocional acima da média, conseguem se destacar no ambiente de trabalho e, por isso, recebem promoções e chegam a cargos de liderança. 

A gente já falou bastante disso aqui, mas trabalho em equipe, capacidade de lidar com situações desafiadoras e uma boa comunicação são características extremamente valorizadas no mercado de trabalho. É claro que conhecimentos técnicos importam, mas eles sozinhos não garantem “o lugar ao sol” de nenhum profissional.  

Por isso, a proposta da educação socioemocional é um tanto quanto revolucionária, já que prepara o ser humano para os obstáculos que vão surgir e forma um indivíduo resiliente. Essa é uma tremenda receita de sucesso não só para obter êxito na carreira como também para cultivar a saúde mental, algo tão precioso num mundo em constante mudança.  

Lembre-se que propostas de ensino tecnológico como as da APDZ promovem todas essas habilidades e já chegam praticamente prontas para compor sua grade curricular. Se quiser conversar, entre em contato com a gente! 

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